No tempo das Amazonas, uma das "Icamiabas" se apaixounou perdidamente por um valente guerreiro. Era lei em sua taba que, depois de um grande encontro de amor, a mulher lhe oferecesse a pedra sagrada — o muiraquitã — e abandonasse para sempre o amante.
Os dois amantes foram obrigados a separar-se, mas sofreram tanto que Iurupari, deus do sonho, compadecido, resolveu abrandar tanta tristeza. A noite, unia-os em sonho, entretecendo redes das mais lindas penas, unindo-os e embalando-os espiritualmente.
Um dia, o guerreiro, cada vez mais apaixonado por aquela que só via em sonhos, aproximou-se da tribo das Amazonas. Enquanto que vagava à procura de sua amada, se deixou aprisionar por uma das Amazonas. Chegando à maloca, as outras guerreiras irritadas pela inesperada invasão do guerreiro, resolveram condená-lo ao sacrifício. Ao chegar a noite,depois que se fêz o silêncio na taba, a amante para salvar-lhe a vida, veio pedir-lhe que fugisse, mas ele se recusou, dizendo:
— Prefiro morrer a manchar minha honra de guerreiro que não teme a morte.
Então, ela vendo que as suas súplicas nao eram atendidas, invocou Iurupari e, cerrando os olhos, adormeceu ao lado do seu guerreiro.
No outro dia, ao alvorecer, encontraram os dois amantes mortos na rede. "Foi Iurupari! Foi Iurupari! ..." gritavam asIcamiabas, assustadas. E, batendo fortes palmas com as mãos e ressoando os maracás, num alarido infernal, procuraram afastar de seus olhos a visão flamejante de Iurupari, que fugiu com a luz da manhã.
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